Publicado em 09/04/2017 em https://www.linkedin.com/pulse/porque-insistimos-em-aterros-carlos-yuri-le%C3%A3o-do-nascimento/
Quando finalmente fora sancionada a Lei 12.305 em 02 de agosto de 2010, instituindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, houve uma grande celebração por todas as partes interessadas em transformar o desenvolvimento sustentável numa realidade em nosso país.
Estamos nos aproximando do 7° aniversário da PNRS e pouco temos a comemorar. No seu artigo 9° é definida a ordem de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, onde a disposição final é colocada apenas como última opção e limitada aos rejeitos.
Porém, quando se fala da Lei 12.305 é comum escutarmos que “O Brasil está atrasado na implantação dos aterros sanitários”, ou seja, além das dificuldades de implementação, com tom de frustração, parece que a PNRS foi reduzida à “lei dos aterros”.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE, em 2015 foram geradas 79,9 milhões de toneladas de Resíduo Sólido Urbano (RSU) no Brasil, geração 1,65% maior que em 2014, percentual maior que o dobro quando comparado ao crescimento da população brasileira, que foi de 0,8% em relação ao ano anterior. Destas 79,9 milhões de toneladas, 90,8% estiveram cobertas por coleta, porém apenas 42,6 milhões de toneladas seguiram para aterro sanitário. Enquanto que 30 milhões de toneladas foram dispostas indevidamente.
Se somarmos estas 30 milhões aos 10,2% da geração que não possuíram coleta, resultamos em 37,3 milhões de toneladas que foram destinadas de maneira ambientalmente inadequada.
Estes números são preocupantes quando comparados aos de países como a Suécia, líder mundial em tecnologia de aproveitamento de resíduos sólidos, onde apenas cerca de 1% da geração é disposta em aterros.
Ou seja, estamos discutindo sobre como aterrar nossos resíduos (processo com baixo valor agregado) enquanto outros países estão gerando energia! Aliada à redução de custos e impactos ambientais, com geração de emprego e renda.
Através do RSU é possível produzir Combustível Derivado de Resíduos – CDR, para consumo pela indústria. Sendo ainda viável a obtenção de biogás (constituído de 55-75% de gás metano) para geração de energia elétrica e combustível para veículos.
Mas como é possível comparar a Suécia com o Brasil se as diferenças culturais e econômicas são gritantes? É possível sim! Principalmente se pensarmos que para chegar a este patamar cultural e tecnológico, a Suécia tomou a decisão de valorizar seus resíduos há mais de 30 anos atrás. Ou seja, se continuarmos insistindo no desejo da "proliferação dos aterros", infelizmente daqui a 30 anos ainda estaremos discutindo maneiras de como aproveitar melhor os nossos resíduos.
Então, porque continuamos insistindo em aterros?
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